É uma situação normal e já fazemos sem pensar: tocamos na nossa cara dezenas de vezes por dia, e se alguém nos perguntar quantas vezes tocamos na cara, nem sabemos dizer um número. Coceira no nariz, esfregar olhos cansados, limpar a boca com a mão, roer as unhas, são coisas que fazemos sem pensar.
Porém, na situação atual em que vivemos do coronavírus, tocar no rosto pode aumentar significativamente o risco de infeção. Estes toques na cara não aumenta só o risco de infeção por COVID-19 como também por outros vírus como o vírus da gripe ou resfriados.
Boca, olhos e nariz são áreas em que os vírus aproveitam para entrar no corpo e infetar a pessoa. Se tocou numa superfície contaminada e tocou no seu rosto, é muito provável ficar infetado.
Formas de transmitir uma infeção
De acordo com o Centers of Disease Control and Prevention (CDC) (traduzindo: Centros de Controle e Prevenção de Doenças), o COVID-19 é transmissível de pessoa para pessoa, tal como a maioria das infeções respiratórias.
A transmissão do vírus é feita por meio de gotículas expelidas pela boca durante um espirro, tosse, bocejo, ou simplesmente a falar. Alguém que deixe essas gotículas numa superfície, vai deixar essa mesma superfície contaminada. Quando alguém passar a mão nesse local, e depois tocar no rosto, muito provavelmente ficará também contaminada. Isso também pode acontecer se estiver muito perto de uma pessoa, e falando, ela poderá soltar algumas gotículas pela boca que atinge o seu rosto. Apesar de num modo geral serem gotículas “invisíveis”, elas existem e contaminam.
Mesmo que evitemos estar perto de outras pessoas, ou que usemos máscara ou luvas, se não foram bem utilizados, é difícil evitar uma infeção pelo vírus se ele estiver numa superfície.
É muito fácil tocar em superfícies contaminadas. Apesar de pensar que não toca, é muito fácil tocar num carrinho de supermercado contaminado, num produto de supermercado contaminado, em dinheiro, na sua própria mala que está ao seu ombro, mas alguém que passou por perto pode ter espirrado. Botões do elevador do prédio, porta do prédio, existem muitas hipóteses. Parece algo que não acontece, mas é mesmo muito fácil.
Estamos sempre a tocar no rosto
Já foram feitos estudos acerca deste tema: O número de vezes que tocamos no rosto.
Em 2008, foi feito um estudo, em que 10 indivíduos foram observados, durante 3 horas, sozinhos, num escritório. No final da observação, os investigadores concluíram que eles tocaram em média, 16 vezes, por hora, nos seus rostos.
Um outro estudo, realizado em 2015, observaram, numa Universidade na Austrália, 26 estudantes de medicina. Concluíram que tocaram no rosto 23 vezes por hora. Confirmaram ainda que, de todos os toques que deram, 44% estavam envolvidos em contacto com as membranas mucosas, dos quais, 36% na boca, 31% no nariz, 27% nos olhos e 6% uma combinação destas regiões.
Fizeram também um estudo, envolvendo médicos, que são conhecedores destes problemas, e verificaram que em 2 horas, tocaram em média, 19 vezes na cara, sem higienizar as mãos.
Resolver a situação é lavar as mãos!
Sim, já sabemos que está farto de ouvir isso, mas apesar de existirem muitas instruções para lavar as mãos, não explicam a importância desse gesto, e por isso, muitas pessoas ignoram o aviso.
O CDC ensina quais os passos fundamentais para higienizar corretamente as mãos. São 5 etapas simples:
- Molhe as mãos
- Coloque espuma
- Esfregue durante 30-40 segundos toda a superfície da mão, entre os dedos, na palma da mão…
- Enxaguar
- Secar
Se o problema é quando tocamos em superfícies contaminadas, então lavar as mãos é o melhor método. Quantas mais vezes lavar as mãos, com mais frequência está a anular a possibilidade de ter tocado numa superfície contaminada.
Como já explicamos, o problema principal não é a superfície contaminada, mas sim o facto de tocarmos no rosto. Tocando numa superfície contaminada não causa infeção, mas contamina a sua mão. Se lavar as mãos, eliminou essa contaminação. Por outro lado, se tocar no rosto, acaba por ficar infetado.
Tocar no rosto é um hábito que pode evitar
É certo que tocamos no rosto inconscientemente, já é um processo automático, mas se conseguir lembrar que as suas mãos não estão lavadas antes de tocar no rosto, e evitar tocar, já está reduzindo esse risco. Depois de lavar as mãos, se foram bem higienizadas, então já pode tocar no seu rosto.
Zachary Sikora, é psicólogo clínico no Hospital Northwestern Medicine Huntley, e deu algumas dicas para evitarmos tocar no rosto:
“Esteja atento à sua própria intenção de manter as mãos afastadas do rosto. Pode fazer uma breve pausa para ajudá-lo a ter consciência do que está fazendo com as mãos”
“Mantenha as mãos ocupadas. Se estiver em casa assistindo televisão, tente dobrar roupa, remexer em correspondência do correio, ou segurar algum objeto com as mãos. Até um lenço serve, o importante é que você se lembre em manter as mãos afastadas do rosto”.
“Se estiver numa reunião ou quieto assistindo algo, pode entrelaçar os dedos e colocar no colo”.
“Colocar luvas pode ser um lembrete físico eficaz. Pode usar luvas quando estiver em público e com maior probabilidade de ser exposto a superfícies contaminadas. Quando chegar ao seu destino, remova as luvas. Usar luvas em casa, apesar de não prevenir a contaminação, pode ser um treinamento para lembrar a não tocar no rosto”.
Sikora também recomendou a utilização de um desinfetante ou sabonete perfumado para as mãos. Ao aproximar as mãos do rosto, vai sentir o cheiro desse perfume e poderá ajudar a lembrar que não deve aproximar as mãos do rosto.
O uso de luvas na proteção pode não ser eficaz
Apesar de as luvas poderem ser um lembrete físico de que não deve tocar na sua cara, este pode não ser o melhor procedimento para evitar uma contaminação.
Muitas pessoas ao utilizar luvas, consideram que estão protegidas, e que não tem problemas mexerem em todas as superfícies, aumentando o risco de tocar em alguma superfície contaminada. Porém, as luvas causam uma falsa sensação de segurança.
Ao utilizar luvas, sente que está seguro, então não evita de mexer na sua carteira, nos seus bolsos, no seu celular, objetos pessoais, enquanto estiver fora de casa. Acontece que se tocou em alguma superfície contaminada com as luvas e depois tocou em algum objeto pessoal seu, com as luvas colocadas, você estará contaminando esse objeto, que possivelmente vai levar para casa, tocar nele, e depois tocar no seu rosto.
O melhor será mesmo ter um frasco com gel hidroalcoolico ou com álcool perto de si, sempre que estiver fora de casa. Sempre que lembrar em tocar no seu rosto ou nos seus objetos pessoais, passe as mãos por esse álcool que tem consigo! Assim terá sempre as mãos desinfetadas e seguras.
Concluindo
A principal via de contaminação dos vírus, como é o caso do SARS-CoV-2, também conhecido como Covid-19 ou coronavírus, é através dos olhos, nariz e boca.
Basta tocar nessas áreas com a mão contaminada através de contato com superfície contaminada, e poderá ficar infetado.
A melhor forma de prevenir essa infeção é evitar tocar no rosto o mais que conseguir.